terça-feira, 20 de março de 2018

Dos Mistérios VI




Dos Mistérios da Atuação de Deus:

Atuar em Adoração


por um convocado


No vibrar da luz, trepida um som reluzente claridade. Ele pode ser comparado, de forma aproximada, com o soar claro como sino do mais puro copo de cristal, apenas bem mais alto, claro e luminoso, mas, apesar disso, delicado como o sopro do vento.
Assim é o som da luz nos jardins eternos da Pureza, onde o Lírio Puro desenvolve-se a partir do querer da Rainha primordial. Ela é o conceito tomado forma da maior Pureza, que não se deixa separar do Amor e da Justiça.
Assim como o tecido dourado de luz de um maravilhoso botão de flor, ela brota do manto flutuante da Mãe suprema, e ao redor dela reúnem-se as irradiações que ela própria atrai e também novamente doa, num pulsar maravilhosamente sonante, criador, sustentador e modificador, oriundo da Lei.
E essas irradiações, querendo servi-la, querendo auxiliar, querendo atuar, fluem de volta para ela e partem novamente dela num maravilhoso circular fechado em si. Disso surge o maravilhoso som no reino luminoso da virtude divina, da Pureza.
Flui um frescor nele, que se assemelha ao ar fresco ensolarado sobre picos de neve ofuscantes, e um hálito de calor sopra suavemente aí, como o delicado aroma das flores nos quentes meios-dias de maio. A pureza das fontes, que lhe nutrem e que fluem da Luz, é de um resplendor ofuscante e, como pérolas, elas borbulham saindo do vibrante solo primordial.
O sentido humano não pode assimilar a imagem da virtude divina na origem – apenas sua irradiação torna-se consciente a ele.
Do alto, da clara luz circulante, inclina-se para baixo uma delicada e bela figura, semelhante a um anjo. Ela se forma lentamente, de raio em raio e de forma em forma, a partir da irradiação fluente e em movimento da luz do maravilhoso Lírio. Ela se encontra de pé, erguendo suas folhas branco-douradas como em adoração e captação das forças divinas, num bosque dourado, cujas gramíneas finas, exalando aroma, tremulam e oscilam suavemente aspirando ao alto.
Gotas reluzentes caem como orvalho da Luz e em sua abundância florescente e irradiante forma-se uma luminosa e tecedora imagem primordial da graça e da pureza.
Clara como água límpida e cristalina flui das mãos da forma da vontade, que ganha cada vez mais um encanto feminino, um brilho luminoso dourado-esverdeado, que se cristaliza.
E este cristal de irradiações leva, tomado forma aí, o pensamento do mais puro querer até diante do recipiente sagrado, em torno do qual a Criação se forma. Flui e ondula e pulsa na resplandescente fonte da vida, à qual foi dado o nome: O Santo Graal.
Muitas destas figuras de luz saem dos Jardins das Virtudes Celestes, corporificando-as com força irradiante que só possui uma origem: a Luz de Deus.
Uma estrela irradiante liga-se estreitamente a outra, reluzindo amavelmente em sua diversidade das mais delicadas cores e, apesar disso, fundindo-se uma com a outra num anel circulante e vibrante, que irradia ofuscando: o primeiro círculo em torno do recipiente sagrado da vida.
E estes são os guardiões do Santo Graal que sustentam o Burgo sagrado através de seu servir vivo, em adoração jubilosa; e atuam para baixo, já que não podem evitar a irradiação.
Isto é a imagem primordial da beleza, da força, da coragem, da sabedoria, da misericórdia e de muitas outras mais. Todas as correntes do querer espiritual que eles desenvolvem a partir de si, fluem para o alto em adoração, também irradiam para fora e para baixo e formam-se, correspondendo a sua forma primordial. É assim que eles nascem para fora e são novamente atraidos pela força da mais nobre igual espécie, e são sempre de novo renovados pela corrente da água viva oriunda do Santo Graal.
Assim se formam e constroem-se os jardins de Deus a partir do alegre atuar na esfera do puro espiritual e, continuando a irradiar desta, também na esfera espiritual como Criação posterior e atuam junto no Paraíso! Ali florescem flores nas mais perfeitas formas, beleza e abundância. E, para alegria dos eternos, crescem os frutos irradiantes nas árvores luminosas que aspiram ao céu.
Com isso constroem-se as belezas da natureza exemplar, que deve circundar, nutrir e sustentar todas as criaturas de Deus, e, a partir dela, formam-se as forças que atuam na espécie do fogo, da água e do ar como as correntes primordiais dos elementos por nós conhecidos.
Apenas então formam-se as imagens primordiais dos cristais, das estrelas, e formam-se mundos de perfeita beleza e diversidade e sempre se desenvolve neles espécie após espécie.
As entealidades ligadoras e beneficiadoras, porém, que efetuam tais formações, são sempre de um degrau mais elevado do que a sua criação. É assim que se une o atuar dos guardiões puro-espirituais, espirituais e enteais, formando um Burgo maravilhosamente sustentador e construtivo em direção ao alto, que é o Reino de Deus, e para baixo, formando uma corrente de forças atuantes, prósperas e doadoras de bênçãos. 


Eterna, no luminoso pulsar da Luz, movia-se a Criação divina que surgira assim. Deus havia lhe dado um Senhor, o Guardião e Portador da Luz, do qual a força, fluindo constantemente, podia se lhe tornar sempre nova e sempre a mesma: Parsival.
Bem-aventuradas jubilavam as chamas puras que circundavam o Rei da Luz e o Apoio da Luz. Em gratidão atuavam, dando o melhor de si, tanto no alegre receber quanto no dar. Dando continuamente da abundância de suas bem-aventuranças, também lhes era permitido continuar bebendo da fonte da vida.
Flamejando, incandescendo e refletindo-se em todas as cores luminosas, o Reino de Deus desenvolveu-se, formando o Paraíso. E Parsival, o Rei, o Filho da Luz Primordial, como parte de Imanuel, reinava sobre o Santo Graal e doava para a Criação a força da vida.
Cada vez mais desenvolvia-se a Criação posterior. As forças enteais atuavam cada vez mais para fora, para baixo e condensavam suas espécies. De degrau a degrau elas davam o seu amor auxiliador umas às outras e serviam todas àquele Um, ao Senhor e Rei da Criação e assim também a Deus.
Eles traziam notícias das profundezas e com seu vibrar puro na vontade do Altíssimo, buscavam para si as instruções para o seu atuar.

(continua)

Editora Der Ruf“ G.m.b.H. Munique – 1934