terça-feira, 23 de janeiro de 2018

A Grande Batalha Contra Lúcifer






A Grande Batalha Contra Lúcifer
O caminho do Filho do Homem até Lúcifer e a luta contra ele.
Recebido por inspiração especial
[...]


Aqui e acolá surgiam outras fontes pretas, que borbulhando se juntavam formando um riacho, o qual continuava a fluir na beirada do caminho.
Quando, porém, o Filho do Homem aproximou-se da fonte e olhou para baixo, para aquele animal, este arreganhou sua grande boca e gritou. Então ele desfez-se em si mesmo e desapareceu. Algo como um papel amassado grudou sobre a nascente, secando a fonte.
O Filho do Homem caminhou adiante em direção ao estreito e escuro vale e ao seu lado Maria, e ele ouvia os gemidos das fontes ao lado do caminho, as quais secavam todas, tão logo ele passava por elas.
O solo retumbava devido o trotear de uma grande manada. Eram grandes porcos mui horrendos e ouriçados, que corriam ali grunhindo para lá e para cá. Eles queriam tentar um ataque, contudo ao chegarem à proximidade da Luz, que vinha andando na direção deles, tiveram que desaparecer. Era como se eles se dissolvessem, dispersando­-se e sumindo.
Assim encontrava-se a Luz no vale profundo, envolta por um manto que havia sido dado por mãos luminosas. As rochas começaram a tremer, tornando-se umidamente escuras e se erguendo a alturas funestas. Escarpas íngremes e lisas, as quais pé algum era capaz de escalar, pareciam como se fossem de ardósia.
Nenhuma erva, nenhum talo crescia nelas, contudo fixavam-se nelas algo como lagartixas e batráquios e moscas horríveis. Aqueles bichos grudavam na superfície das rochas com patas como de rãs, deslizando lenta e novamente para baixo. Muitos começavam a subir sempre de novo, outros caiam lá de cima e se espatifavam no solo escuro. Sangue espirrava para cima em emanações gasosas, de onde imediatamente se desenvolviam de novo outros novos bichos.
O casal luminoso também percorreu esse estreito caminho e atrás dele aqueles seres horripilantes caíam sem força, como que carcomidos e dissolvendo-se. Outros ficavam grudados nas rochas com um medo mortal nos olhos e seus corpos definhavam. Sua pele secava, rachava, a carne caía e outros comiam-na, os ossos iam se desmanchando e membro após membro caía nas profundezas. Gemidos de dor passavam pelos abismos.
Uma estreita e vertiginosa vereda levava dali a uma descida abrupta. Existia de fato algo como um corrimão, um gradil, mas ao mais leve toque ele ruía, tornando-se como pó de serra nas mãos. De forma funesta se deparava o abismo ali ao lado, de cujas profundezas se elevavam vapores, os quais tomavam formas. Formas de espécie bem diversa, horrenda.
Elas possuíam cristas como os dragões, enormes bocas como de lobos e garras como tigres. Os corpos eram curvados ao estilo dos gatos, cheios de flexibilidade, com rabos como de crocodilos. De suas bocas saíam longas línguas de espécie maldosa. Em cada língua havia uma flecha que esguichava veneno. Certas línguas se dividiam e lançavam sempre novas flechas.
O Senhor trilhava seu caminho pelo abismo da calúnia. O mal se encolheu, escondendo-se. Eram tão perigosos quanto covardes, tão inverossímeis quanto horríveis e tão desprezíveis quanto nojentos.
E o Senhor balançou sua espada sobre o abismo do mal. Uma espessa fumaça se elevou, como se aquelas monstruosidades fossem queimadas vivas. Em compensação vieram do alto, pássaros do mal, os quais fechavam com suas asas todo o abismo. O barulho delas era como o forte barulho de um furacão.
Eles mantinham seus bicos abertos, curvos como espadas turcas e com goelas enormes. Os olhos ardiam grandes e redondos como carvão dourado e as penas pareciam de metal. Eles queriam atacar. As garras enormes e afiadas eles direcionaram contra a Luz. Eles queriam atacar com essas enormes garras, mas o fogo queimou-as.
Com um grito selvagem os pássaros voaram para cima, enquanto que uma garra, atingida pela espada, caiu nas profundezas. Um sangue vermelho, espesso e quente jorrava da ferida. Os monstros voadores ficaram enraivecidos. Com batidas de asas bem barulhentas eles preencheram o abismo que levava a uma profundeza sem fim.
Cada vez mais escuro ia se tornando, os penhascos erguiam-se cada vez mais altos, cada vez mais estreito, mais apertado tornava-se o caminho, cada vez mais fundo rumorejava o riacho. Os animais precipitavam-se aos gritos no abismo. Do alto um irradiante e claro rosto olhava para o Filho do Homem.

Parte integrante do capítulo Testemunhos dos acontecimentos da Luz (Zeugen des Lichtgeschehens) publicada no primeiro volume da obra Despertar de eras passadas (Verwehte Zeit erwacht - Band 1 - 1935).


(continua)