terça-feira, 24 de outubro de 2017

IS-MA-EL IV






Leitura do trecho anterior

IS-MA-EL

As vozes desses guardiões da Palavra são maravilhosas. Como acordes vibrantes de harpa, cheios de sons vibram através das esferas, nas quais elas são criadas. Elas irradiam para cima, como eterna oração de agradecimento à Luz.
Como um murmurante, faiscante mar de cores de luz irradia Patmos através do brilho e do que é vivo nessa adoração a Deus.
Dela se erguem as construções aspirantes de adoração, semelhantes ao silencioso vibrar da neblina, tudo abobadado por uma grandiosa cúpula de luz, que concentra em si todas as irradiações que de cima se derramam sobre Patmos, através da estrela azul.
Sob as diretas correntes de luz dessa estrela encontram-se os guardiões no recinto em volta da salva da concepção, clara e ondulante como cristal. Ela se assemelha a um enorme cristal. Dela é possível Is-ma-el haurir o saber que da força viva de Deus nela foi derramada.
Is-ma-el envia as estirpes para fora, as quais devem espalhar para adiante a sua força e semente espiritual, e ele guia e conduz os seus caminhos. A sabedoria e o certo previsto irradiam dele, de modo inconsciente a ele e, apesar disso, por ele compreendido, sobre os outros, os quais os distribuem. É atividade de irradiação que transpassa esses elevados espíritos.
Continuamente se efetivam espontaneamente fenômenos vivos através desses espíritos, abaixo do ponto de entroncamento da Luz, que separa o puro espírito-primordial espiritual do criado e, apesar disso, os liga intermediando. Todos eles, os guardiões da Luz, têm, por sua vez, (novamente) seus guias mais elevados, que de cima se aproximam deles.
E eles podem muito bem utilizar as pontes de irradiação da sua esfera, que lhes possibilitam descer até o limite onde os criados têm a possibilidade de recepção. De vez em quando eles também constroem correntes de força, através das quais o criado soergue mais alto o seu espírito, para poder vivenciar, percebendo o que a vontade da Luz expressa.

Através dessas correntes, também Is-ma-el foi soerguido, para ver com seus olhos o que foi criado pelo divinal para a existência.
A sagrada vontade de Deus tomou forma e saiu do luminoso receptáculo da Luz divina para a Sua Criação, que imediatamente se formou ao seu redor.
E a Is-ma-el foi mostrado um quadro, que como acontecimento antecedeu à origem de Is-ma-el, e que na eternidade lhe pareceu cheio de vida como o presente, para seu aprendizado.
Assim ele aprendeu a conhecer a origem da criança divina, que através da primordialmente criada Rainha da feminilidade, Elisabeth, pôde desenvolver um invólucro puro-espiritual, no qual ela implantou a sua Luz inenteal do Pai. Ele se tornou um cristal maravilhosamente luminoso, o Senhor da Criação que, na força de irradiação da vontade divina, trouxe a vida como Cruz para a nova esfera.
A voz falou: “Eu Sou aquele que deu a vida por vós e que eternamente é a Vida. Eu e o Pai somos um!”
Is-ma-el guardou a voz dentro de si e nunca mais esqueceu o seu tom.
E Is-ma-el lançou outra vez um olhar para o interior do Templo de Deus, o sagrado Graal, e lá ele viu Parsival, o receptáculo puro-espiritual, o Rei dos reis, o filho da Luz e Senhor da Criação!
Ele avistou, ao lado do Rei, Maria, a rosa da Luz, e viu as poderosas figuras das mulheres luminosas primordialmente criadas, viu também o círculo dos primeiros servos de Parsival.
Ele viu a eterna transformação dos desenvolvimentos, sua vontade de libertação e os correspondentes preparativos. Ele viu a dor de Irmingard, o Lírio puro, pelos decaídos da Criação posterior de Éfeso.

E nesta hora de Luz brotou no Espírito Santo a vontade para a ação de salvação.
É prevista a vontade divina, não após uma decisão tomada, como se dá com a vontade dos posteriormente criados. É a vontade de salvação uma sagrada lei provinda do Pai, e una com o amor, a justiça e a pureza. Inseparável, assim como o amor o é do Pai, tão inseparável é também sua justiça e pureza, e da mesma forma inseparável, e por providência, fundamentado na lei, a vontade de libertação!
Quando Is-ma-el intuiu a plenitude, a amplitude e a distância incalculável da vontade divina, então fundiu-se nele tudo o que era pessoal diante do Senhor e por isso lhe foi dado, pois ele compreendeu o amor inenteal, sendo-lhe permitido receber as mais elevadas leis do saber e com isso a chave para a verdade divina. E Is-ma-el colocou essa chave sobre o altar de Luz em Patmos, chamou todos os guardiões criados e lhes deu o nome de quem ele falou: “Eu Sou aquele que vos deu a vida e eternamente é a Vida! Eu e o Pai somos um!”
E outra vez o espírito de Is-ma-el se soergueu e ele viu Parsival em sua perfeição. Perfeição houve desde o princípio, assim como Ele é, como receptáculo de Imanuel no Santo Graal, como Filho de Deus.


Trecho extraído da obra IS-MA-EL (em manuscrito):