terça-feira, 10 de outubro de 2017

IS-MA-EL II






Leitura do trecho anterior

IS-MA-EL


Eternamente maduros e espiritualmente na mais alta perfeição, formaram-se os primeiros criados conscientes. Em correntes da mais completa e maravilhosa harmonia veio para os espíritos o primeiro saber sobre a sua existência, da vida dentro da força, da Palavra de Deus! E a voz de Deus os despertou.
Sagrado silêncio perpassou tudo e o hálito do amor de Deus pairou como um sorriso cheio de bênçãos sobre Patmos, a montanha do reconhecimento.
O querer dos espíritos resplandeceu e criou, em direção descendente, formas maravilhosas de igual espécie, e esticam-se colossais fenômenos de irradiação para diante, até as profundezas das Criações posteriores.
Quando a partir do ritmo dos acontecimentos naturais tudo nessa esfera já havia despertado para a existência, esse querer incorporou-se cheio de júbilo no sagrado vibrar de seu nível.
Com isso ele começou a atuar, iluminar e brotar; e a beleza paradisíaca da perfeição preencheu cada forma, e foi impulsionada para a mais alta florescência. As correntes de cores luminosas dos ritmos espirituais, periódicos de acordo com a lei, cantaram os coros das esferas do mar, no embate das ondas luminosas.
Ela é de incandescência azul, a portadora das sagradas Ilhas, ligada por uma ponte de feixes de raios luminosos do sagrado Templo.
Infinita e de múltipla configuração são os diversos estados de maturidade dos espíritos criados, graduados em incontáveis fases de desenvolvimento, porém, bem acentuadas, não fundíveis.
A vida da Luz pulsa igual ao sangue através de todo esse criado. E assim era na hora em que eu, Is-ma-el, estava sentado numa cadeira dourada, no ponto mais alto da ancoragem da Luz em Patmos, até onde a voz de Deus me convocou. Ao meu redor o número de anciãos, que estavam lá, igual a mim e próximos de mim. (Anciãos no sentido da “vida” na mais pura originalidade e total equilíbrio de perfeita beleza e maturidade). E foi um grande e sagrado sussurrar, um murmurar e prometer na esfera.
Tudo vibrou numa maravilhosa matiz de um azul luminoso e seu correspondente som. Vozes eram ouvidas de cima, as quais falavam palavras de sabedoria. Elas eram como certa brilhante luz dourada, e eu vi uma chave dourada que se formou das palavras. Então uma voz falou: “Pegue”! E eu peguei o que foi oferecido da Luz: a chave poderosa.
Ela estava na minha mão e me queimava como fogo abrasador, mas ao mesmo tempo saciou a minha sede e acalmou a minha saudade, que desde a hora da minha tomada de consciência impelia para cima, para o inatingível.
“Tudo te será dado naturalmente, assim que tu tiveres a minha Palavra!” falou outra vez a voz, a qual anteriormente havia dito “Pegue”!
Através de mim, porém, fluiu a irradiação. Eu não podia me mover. Contemplando e estendida estava a minha conformação branca diante do poder da palavra. Foi aí que o meu espírito vivenciou pela primeira vez o amor para com o Senhor!
Nada existia afora isso: pertencer a Ele! Sua criatura, a qual se reconhece, para servir a Ele!
“Eu fundamento a estirpe das sementes primordiais através de vós! Dai da força adiante, a qual vós recebestes através de mim!”
E no mesmo momento a Sua Palavra tornou-se ação através de nós. E eu vi uma gigantesca árvore estender seus galhos através de mim, ela os esticou para longe, e dela se desenvolveu uma linhagem de sementes espirituais que, espalhando-se, propagou-se em direção às profundezas. Os meus olhos viram que era a Cruz viva, o Amém, o próprio Nome, o qual partiu do Pai, e que tinha falado para mim.
E sobre Patmos ergueu-se um movimento. Todo o primordialmente criado, os puro-espirituais e todas as entealidades da Criação primordial foram tomados pela força dessa sagrada hora da Luz.


Trecho extraído da obra IS-MA-EL (de um manuscrito):