segunda-feira, 21 de maio de 2018

África IX





Nas Florestas da África

Episódio IX

Entes da Natureza para Defesa da Tribo

por Charlotte von Troeltsch

Sinopse de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca” dirige um projeto de segurança da tribo o qual estando sob proteção superior do alto, diretamente de Anu, recebe também com isso o auxílio dos pequenos entes invisíveis da natureza, pelas elaborações dos meios de proteção local.

Principiou uma movimentada atividade. Mal tinham os homens cavado um pouco, saltaram os pequenos um pouco mais adiante, indicando novamente outro círculo.
Ur-wu anunciou que esta seria a linha externa da vala. Eles deveriam, apenas, demarcá-la de imediato. Quando isto aconteceu, os pequenos correram apressadamente entre os homens que trabalhavam, para lá e para cá. Eles empurravam de lado aquele que descuidadamente não observasse o limite previsto, estimulando um ou outro para trabalhar mais rápido. Mostravam também o melhor jeito de trabalhar.
Cada homem Tuimah tinha dois negros a seu lado, cujo trabalho precisava supervisionar. Estes faziam o que lhes era ordenado, aparentemente sem compreenderem o sentido do trabalho. Por outro lado, eles riam amigavelmente como bons amigos. O que os Tuimahs apenas excepcionalmente podiam ver, parecia-lhes bem familiar.
Longos dias permaneceram distantes aqueles que saíram em busca dos animais. Ninguém se inquietou por isso. Se os pequenos estavam com eles, todos se encontravam sob a especial proteção de Anu.
A vala estava quase terminada. Ela havia se tornado bem profunda. Os pequenos tinham levado os negros junto para desenterrarem as plantas espinhosas. Eles sabiam quais eram os lugares onde o solo não era muito firme. Além disso, eles mostravam como plantar partes sem raízes da planta, que continuariam a se desenvolver
Os Tuimahs queriam plantar apenas no fundo da vala. Os pequenos, entretanto, mostraram-lhes para plantarem também nas paredes até em cima com as mudas de espinhos. Mais tarde, mostrou-se como fora sábio este conselho.

Justamente no dia em que foi terminada a vala, retornaram os caçadores de animais. Eles trouxeram consigo uma grande quantidade de animais selvagens novos.
Eram filhotes amarronzados e peludos, pernudos, com longos e estreitos focinhos e orelhas pontiagudas. Os pequenos animais farejavam tudo o que se lhes aproximava. Eles eram teimosos, mostravam, porém, que podiam diferenciar seus acompanhantes dos demais homens.
Aconselhados pelos pequenos, um determinado homem tratou deles, homem a quem especialmente se juntaram, e por isso fora escolhido para adestrar os animais, conforme a indicação dos pequenos.
Segundo o singular som que eles muitas vezes soltavam, os homens os denominaram U-aus, e logo os pupilos se acostumaram com esse nome e corriam quando eram chamados.
As plantas espinhosas se desenvolviam. Era preciso pensar em fazer passagens sobre a vala ocupada por elas. Isso, porém, não era tão fácil como se pensava primeiramente.
Os rebanhos precisavam deixar a colônia e poder transitar. Portanto, era necessário que fosse, pelo menos, uma passagem suficientemente larga e cômoda para eles. Através disso, porém, esses lugares seriam nitidamente reconhecíveis por estranhos. O que se deveria fazer?
Os homens levaram essa pergunta para Bu-anan, que a passou adiante. À noite veio-lhe a resposta, precisariam ser colocados na parte de dentro do círculo alguns homens, toda noite, para vigiar esses lugares de risco. Eles poderiam se revezar, mas não podiam nunca ser negligentes com a vigilância.
A nenhum dos homens veio a ideia de resmungar contra isso. Anu tinha ordenado, Bu-anan transmitira a ordem. Portanto, cabia-lhes obedecer. Eles apenas sentiam muito por precisarem perder as narrações de Bu-anan por causa de sua vigilância, as quais, ela agora retomou regularmente.
Em uma das primeiras noites os homens queriam saber como se realizava o tornarse visível dos pequenos.

Bu-anan refletiu um pouco, então ela disse:

“Eu apenas posso vos dizer, como eu mesma imagino isso, e eu não sei, se está certo. Como, porém, eu não obtive nenhum outro esclarecimento sobre isso, quero vos anunciar este.
Penso eu, que os pequenos são em geral tão delgados e leves como todos os luminosos, que algumas vezes nos visitam.
Se, contudo, Anu ordenou-lhes que nos devem ajudar, então eles se tornam, por causa dessa ordem, no entusiasmo da obediência, mais espessos, e nós os vemos em uma forma que é semelhante a nossa. Simultaneamente, porém, com a ordem de Anu, outros olhos são abertos em nós, que nos permitem ver coisas mais finas. Tendo os pequenos realizado seus trabalhos, então, se fecham nossos olhos mais finos e nós não podemos mais ver os pequenos seres.”

Nem todos conseguiram entender isso, mas alguns pensaram terem compreendido e deram-se por satisfeitos.
Agora os homens precisavam relatar como eles haviam capturado os animais. Eles precisaram empreender longas caminhadas e vasculhar várias cavernas. Na maioria das vezes os pequenos os guiavam até lá quando os pais dos filhotes saíam para caçar. Mas, uma vez, deu-se contudo, uma dura luta com uma mãe U-au, que não quis deixar tirar de si seus filhotes.
Aí, exatamente quando a luta queria se decidir a favor dos homens, um dos pequenos disse de forma bem clara:
“Quem, como tu, dá sua vida de modo tão valente por seus filhos, bom animal, merece que eles não lhe sejam tirados!”
Foi como se, de repente, um encanto descesse sobre eles. Ninguém mais pôde atacar a mãe dos filhotes, que se retirou com seus filhotes para o fundo da caverna. —

(continua)




Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz). 
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +: 


Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +: