terça-feira, 20 de junho de 2017

Sobre a Vida dos Celtas XXV






Sobre a vida dos Celtas –XXV

Por Charlotte von Troeltsch e Suzanne Schwartzkoff

Para leitura do episódio anterior: Sobre a Vida dos Celtas XXIV

Anteriormente: Havia acontecido sobre o povo celta de Seabhac crescer ainda mais um sincero esforço e um verdadeiro amor pelas coisas divinas, depois do cruel assassinato do Filho de Deus e depois que na maioria dos outros países as trevas começaram a dominar mais. Também nas demais tribos Celtas, nos longos anos não houve nenhuma época em que as tribos não se sentissem guiadas pelo Pai Eterno, porque o povo de Seabhac estava habituado a ir de encontro a todos os perigos, orando. Mais ou menos cem anos após o nascimento do Filho de Deus começaram a aportar no sul de todos os reinos, novamente suntuosos navios com guerreiros romanos em grandes quantidades...

Essas tribos do sul mal tinham ainda ligação com o Pai Eterno, elas não podiam imaginar como lhes poderia advir auxílio. Então, em sua visão restrita, elas escolheram o pior mal e submeteram-se.
As tribos foram associadas à província Romana Britânica, que era regida por um governador. Esse era suficientemente astuto para, a princípio, reconhecer os príncipes de cada localidade como dirigentes locais, contudo, logo eles notaram que não tinham nada mais a dizer. Eles só serviam para formar a ponte entre o governador e o povo, para tornar conhecidas suas novas leis e ordens. Se um desses príncipes morresse, então ele era substituído por um romano. Os guerreiros, porém, como os Celtas haviam esperado, não abandonavam o país depois da submissão dele, mas dividiam-se nas cidades e localidades, nas quais procuravam exprimir os interesses romanos, tão logo quanto possível. O povo tinha de se alimentar e não podia defender-se deles. Ao contrário, poucos anos depois vinham novos grupos de guerreiros que expandiam a conquista cada vez mais para o norte. Então, o povo de Seabhac também chegou a ouvir sobre aquilo que havia ocorrido no sul e que se aproximava ameaçadoramente deles. Entre eles, como lembrança ainda vivia a transmissão da história da saída de Seabhac em direção ao sul. Será que eles deveriam fazer semelhante coisa novamente? Em todo o caso eles queriam estar preparados. Seu príncipe Gulwin, implorava em conjunto com o druida superior Cummarch ao Pai Eterno. Eles receberam como resposta, para instruir os homens na utilização das armas e olhar aqueles que se aproximavam, na consciência de que eles se encontravam sob a proteção do Pai Eterno.

— “Preparai-vos exterior e interiormente. Contudo, também não esqueçais que se mantiverdes firmemente a ligação vós também sereis auxiliados. Mas, apenas assim!”
Os anos passaram-se, nada de ameaçador aproximara-se dos limites do reino. Às vezes vinha um romano para olhar o país. Ele era recebido cordialmente e alegravam-se quando ele havia novamente partido. Que estes homens, os quais geralmente se diziam comerciantes, sendo, porém, guerreiros disfarçados, o povo de Seabhac não sabia.
Um dia chegara a notícia que os romanos erigiam um muro atravessando o grande país como divisa, entre eles e as tribos Celtas que ainda não haviam sido subjugadas. Então, imperou grande alegria: Assim, nada mais poderá nos acontecer, pois aparentemente o inimigo havia desistido de nos conquistar, pois do contrário, ele próprio, não iria se isolar de nós.
Falsa esperança! Gulwin faleceu muito idoso, contudo, ainda antes de sua morte teve que tomar conhecimento que os romanos atacaram as tribos que viviam em paz ao norte do limite do muro e as subjugaram sanguinariamente. Agora eles estariam, em seguida, em sua linha de marcha. Se não acontecesse nenhum milagre, logo eles invadiriam o reino de Seabhac. Gulwin implorou ao Pai Eterno e recebeu a certeza de que ele não vivenciaria mais esse ataque. De fato ele faleceu alguns dias após. O filho de Gulwin, Etelbert, reuniu todos os homens armados em torno de si e apresentou-lhes o perigo em que eles se encontravam. Ele perguntou-lhes se eles preferiam esperar inativos até que os romanos os tivessem subjugado ou se eles queriam ir ao encontro deles.

Para a valentia do povo não havia nenhuma dúvida. Todos eles colocaram-se em marcha ao encontro do inimigo. O sepultamento do príncipe ancião amado por todos, eles deixaram por conta dos druidas. Eles partiram em direção ao sul. Já há longo tempo eles possuíam seu próprio reino às costas, então o comandante romano tomou conhecimento da marcha deles ao seu encontro. Quer fosse que suas legiões estivessem fortemente diminuídas ou que os relatos a respeito da grandeza do exército Celta fosse exagerada, em todo o caso o comandante romano não sentiu-se propenso a empreender novas batalhas. Ele enviou mensageiros a Etelbert e deixou-lhe assegurar suas perspectivas pacíficas. Como sinal de sua boa intenção ele iria mandar erigir uma forte muralha divisória, na linha limítrofe ao norte, separando os povos por ele conquistados.
Etelbert sabia muito bem que a muralha não iria impedir os inimigos, assim como o muro não o havia feito, quando a vontade de conquista surgisse novamente neles, mas ele se deixou sossegar depois de ter implorado o conselho do Pai Eterno.
Ele, porém, exigiu que enquanto a muralha fosse construída ele pudesse viver com uma tropa de seus mais fiéis soldados no acampamento dos romanos, para ver se eles procuravam agir honestamente.

Cordialmente o comandante romano concordou com essa proposta. Talvez pensando poder tapear os tolos Celtas. Quem, porém, trilha os caminhos do Pai Eterno é mais esperto do que todos os filhos das trevas. E que os romanos pertenciam completamente às trevas isso Etelbert logo tomou conhecimento.
Não pôde ser evitado que viessem a falar a respeito do Pai Eterno e dos deuses. Os romanos divertiam-se pelo fato dos Celtas, como eles diziam, terem criado para si próprios um Deus principal.
— “Quem é o Pai Eterno?” perguntavam eles zombando.
— “Acima de Zeus que provavelmente é vosso Nuado, não há mais nada.”
— “E o Filho de Deus?” eram por eles questionados. “Não sabeis nada a respeito Dele, do luminoso?”
De fato os romanos sabiam a respeito Dele. O país no qual havia acontecido o assassinato era igualmente uma província romana. Mas eles riam a respeito Dele e chamavam-No de impostor.
Então Etelbert deixou o acampamento romano com os seus. Ele esclareceu aos romanos de que não era capaz de viver com pessoas que difamavam o que havia de mais sagrado.
O comandante romano, porém, havia planejado para um dos próximos dias um ataque às pessoas de confiança de Etelbert, que devido à partida inesperada teve de fracassar. Naturalmente ele considerou a revolta dos Celtas como um pretexto mui hábil. Ele certamente teria tomado conhecimento dos planos romanos.
Etelbert permaneceu no lado Celta da muralha e observava de lá. Totalmente alerta se encontrava ele na defesa e desconfiança. Uma pessoa que falasse de tal forma a respeito do sagrado Filho de Deus era capaz de qualquer infidelidade. Ao romano, porém, esse exército Celta que observava cada um de seus movimentos se tornou um grande incômodo. Ele refletia em meios de se livrar dele.

(continua)

Texto da série especial denominada: Escritos Valiosos

Personagens e fatos processados dentro do contexto deste episódio:

Seabhac, Habicht: Se trata do personagem de destaque nos acontecimentos, que se situa como soberano de uma comunidade celta.

Muirne: velha mãe do príncipe dos celtas Seabhac, Habicht 

Meinin: esposa de Seabhac, Habicht que veio de outro reino salva e aceita para proteção.

Padraic: É o nome principal do ancião que surge neste episódio como druida da comunidade celta, sendo, portanto um personagem influente de seu meio.
Donald: Escolhido como novo Superior dos Druidas (após morte misteriosa d Padraic)
Nuado Silberhand: No folclore irlandês, era reverenciado como rei e grande líder dos Tuatha Dé Danann. Possuía uma espada invencível, vindo da cidade de Findias e que fazia parte dos Tesouros de Dananns. Na primeira Batalha de Magh Turedh perdeu o braço ou a mão, órgão que foi restituído, mas fez com que ele perdesse o trono da tribo. Ficou conhecido como "Nuada, Braço de Prata" ou "Nuada, Mão de Prata". Nuada era o Deus da justiça, cura e renascimento; irmão de Dagda e Dian Cecht.
Pelo direcionamento dado a este enredo pelas autoras, este personagem se trata de um enteal de certa forma importante em sua ligação com os seres humanos.

Goban: deus ferreiro dos Tuatha Dé Danann; com Credne e Luchtain formavam o "Trí Dé Dana"; fez as armas que os Tuatha usaram para derrotar os Fomorianos. Equivalente a Goibniu e Govannon (galês).
Na mitologia irlandesa Goibniu ou Goibhniu era um dos filhos de Brigid e Tuireann e ferreiro dos Tuatha Dé Danann. Ele e seus irmãos Creidhne e Luchtaine tornaram-se conhecidos como os Trí Dée Dána, "os três deuses de arte", que forjaram as armas que os Tuatha Dé usaram para combater os Fomorianos. Suas armas eram sempre letais e seu hidromel concedia invulnerabilidade a quem o bebesse.

Brigit, é a Deusa dos ferreiros, dos artistas, das artes e da cura. Sendo uma Deusa solar, ela é padroeira do fogo e de tudo que envolva Inspiração e Artes. É uma Deusa tríplice, tendo três faces, a poetisa, a médica e a ferreira.

Lug: ou Lugh - filho de Cian (Kian) dos Tuatha Dé Danann e Eithne (também Etaine), filha de Balor (rei dos Fomorianos). Comandou as forças dos Tuatha na vitoriosa Segunda Batalha de Mag Tuireadh (Moytura) contra os Fomorianos, na qual matou o avô Balor. É a figura extraordinária do Deus jovem irlandês que suplanta o Deus Velho; está associado à habilidade e à técnica; é conhecido como Lugh Samhioldanach (de muitas artes) e Lugh Lámhfhada (de mão comprida). Raiz da palavra gaélica que significa Agosto (Lúnasa), isto é, Lughnasadh (festa de Lugh). Corresponde ao Lleu Llaw Gyffes galês.

Pieder – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Cuimin – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Brigit – príncesa filha de Seabhac, Habicht e Meinin

Fionn – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin

Golin – salvo de naufrágio no reino de Seabhac, Habicht, vindo da longínqua Gálea; era construtor.